sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Primeiro Beijo



Mariana estava diante da cena mais esperada de sua vida. A cena que sonhara tantas e tantas noites estava prestes a acontecer. E desta vez, sim, era real, apesar de parecer que estivesse sonhando. Quem sabe estivesse sonhando acordada. O coração batendo cada vez mais forte e veloz. As mãos, geladíssimas, suavam muito. As pernas estavam bambas. Sorte dela está sentada no banco da pracinha, em frente ao Colégio Liberdade onde estudava. Aquela situação lhe havia roubado o fôlego, mas nunca havia se sentido tão bem sem ter ar para respirar. Tudo estava maravilhosamente perfeito, pois Mariana estava prestes a receber um beijo da pessoa que mais amava.
Era tardizinha e o sol cuidara de iluminar o cenário de um amarelo chama. Chama que aquece os corações enamorados. Tudo era tão romântico. Até a brisa que levemente sacudia seus cabelos; até o movimento das pessoas que trafegavam no ambiente; até as minúsculas folhinhas que caíam das arvores imitando focos de neve; até a respiração forçada, as mãos suadas e o frio na barriga. Era um daqueles curtos momentos que a gente se ilude querendo que seja eterno.
Fazia cerca de um mês que Mariana havia percebido que estava amando. Desde quando esbarrou, no corredor do Colégio Liberdade, na pessoa que agora estava diante dela. A partir de então, Mariana passou a idolatrar aquele ser que, para ela, a cada dia parecia perfeito, transcendental. Um ser capaz de lhe tirar do sério, deixar-lhe sem ação, sem razão, sem chão; um ser capaz de inibir suas capacidades cognitivas e deixá-la boba, como uma criança indefesa. Mas Mariana estava adorando sentir-se assim. O amor é assim mesmo. Misterioso. Não sabemos quem, nem como, nem onde e nem quando iremos amar. O amor simplesmente se manifesta. E quando nos damos conta estamos amando. E aí não tem mais jeito. O amor é uma droga. Quando estamos viciados nosso corpo necessita estar perto da pessoa amada, e isso é espontaneamente inevitável.
Mas Mariana estava ali, diante de quem mais amava. Era só isso que importava naquele instante, mesmo que não acreditando que as coisas estivessem chegado a esse ponto. E Mariana estava cada vez mais próxima do ser que mais lhe arrancava suspiros. Agora estava face a face, e sentiu que já era hora de fechar os olhos e se deixar levar pelos impulsos. Estava extremamente nervosa. Em sua trajetória de vida, nunca houvera beijado um garoto antes. Os lábios então se tocam e o beijo tão sonhado, esperado e desejado acontece.
Envolvida naquele turbilhão de sensações, Mariana enfim sussurra as palavras que há um mês estavam reservadas para esse momento:
--Te amo, Amanda.



sexta-feira, 19 de agosto de 2011

À minha querida Clio




Casei-me com Clio desde o primeiro encontro que tive com ela, e não nos separamos mais.
Ela é minha fonte de saber; meu cabedal de contradições. Clio é muito complicada, paradoxal. É difícil conviver com uma pessoa assim. Ela já me traiu várias vezes. Fez-me acreditar em muitas “verdades” que, com o passar do tempo, simplesmente se esfacelaram no espaço. Fez-me desacreditar e desmistificar os “grandes homens” que eu tinha como exemplos, os meus “herois” que eu tanto admirava e meus “ídolos” que tanto exaltava. Fez-me duvidar das boas vontades e das lindas palavras. Ela abalou as estruturas de minhas velhas crenças e sentimentos, fazendo-me hostil em muitas práticas...
Com tudo isso, apesar de todas as desilusões, ainda continuo amando Clio. Por mais que eu tente desprezá-la, é a ela que me recorro sempre que as dúvidas aparecem. E é tentando entendê-la que me compreendo e compreendo o mundo a minha volta, pois é nos braços de Clio que encontro a minha singular existência.
Mas minha Clio não é só minha. Ela possui inúmeros (as) amantes no mundo inteiro. Ciúmes? Não tenho! Pois é por causa desses (as) inúmeros (as) amantes que a minha Clio se mantém sempre Nova e bela!

A todos e a todas AMANTES de Clio, os meus sinceros parabéns!!!


Paulo Hipólito

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

SABER VIVER



Hoje me peguei pensando o que seria necessário para vivermos bem. Bem, percebi que para viver bem é preciso saber viver. E o que é saber viver?


Saber viver é não se preocupar com o amanhã e apenas viver o hoje como garantia. Garantia de que estamos vivendo e não apenas existindo.

Saber viver é tirar grandes exemplos de pequenos gestos. Pequenos gestos como um abraço confortador em quem carrega uma dor no peito.

Saber viver é se deliciar ouvindo uma boa história. Boa história esta contada pelos nossos pais ou avôs que, mesmo contada umas mil vezes, nunca perde o sabor de primeira vez.

Saber viver é saber dividir o tempo. Dividir o tempo como as plantas que têm seus tempos de folhas, de flores, de frutos e de mudança.

Saber viver é ter sempre em mente uma boa história para escrever. Escrever no mural da vida o nosso próprio destino e ajudar a escrever também o destino de outras pessoas.

Saber viver é ouvir uma antiga e linda música. Linda música que emerge lembranças boas que tínhamos a tempo esquecido do quanto elas descreviam nossos estados sentimentais.

Saber viver é também cometer algumas loucuras. Loucuras compartilhadas sempre por amigos verdadeiros, confidentes e que sempre estão dispostos para mais uma, mais duas, mais várias.

Saber viver é está juntinho de nosso amor. Amor que é força poderosa capaz de unir duas pessoas mesmo que distantes no espaço, no tempo, nas crenças, nos pensamentos, nos “etc.” da vida. 

Saber viver é Viver com a letra “V” maiúscula. Maiúscula, então, que seja a palavra toda... VIVER!



Paulo Hipólito